11.1.11

De manhã, as horas não passam.

Abriu os olhos, viu que não era dia de semana, agradeceu aos céus, os mesmos céus que molharam seus pé na noite passada, que noite. Esse dia nada o impediria de ir pra onde mais gostava: jogar uma sinuca com os amigos e sair com a namorada. Também gostava de sair com o primo caminhando pelas ruas da quebrada e só trocando idéia sobre as minas:
- " aquela é uma vaca!"
" aquela mina é gente boa"
" olha só que rabão"
" Pra comer essa daí tem que usar três camisinhas..."

Mas seu primo sabia que era tudo conversa fiada, Ditinho era muito fiel a sua namorada, da qual cresceram morando no mesmo bairro, da qual a paixão se revelou na época de escola.
Tomar café... não sabe se toma café... abre um refrigerante de limão que está dentro da geladeira, despeja no copo e toma numa golada só.

Igreja? que idéia era essa agora????

Não... Seu primo que era catador, malandro dos bão memo, isso num era possível.
Ditinho ri pra si mesmo, da idéia do primo.
Seu primo se convertera a pouco tempo na igreja Benção da quebrada, e o pastor vivia dizendo que Jesus tem um plano pra vida dele. Ditinho sempre ria quando seu primo falava do tal plano. Jesus viveu na vida sem planos, só com palavras e sabedorias vinda dos céus, mas que idéia era essa de plano. Só vendo pra crer.
Sete horas da manhã, sete e um, sete e dois, sete e três... uma mensagem chega em seu celular: " amor estou pensando em nós... beijos... eu sei que um dia você ainda ira se entregar pra mim ass: Simone " -----------------------------------------
Sete e cinco, Sete e seis, Sete e sete: Chega outra mensagem: " Oi minha vida, não se esquece de pagar a conta de luz da minha mãe segunda-feira, te amo viu... não esquece do nosso encontro hoje as cinco tá!!! Beijos te espero em frente o Shopping.... beijosss ps: três anos de namoro hoje, pra você não esquecer seu esquecido hehehhehe.

Sete e dez, Ditinho desiste de tentar pegar novamente no sono e sai pra comprar pão, sua rua ainda não foi asfaltada, mas o deputado prometeu que seria assim que fosse eleito. È... ele já está eleito. Mas a rua não, a rua ainda está esburacada e mal cuidada, e mesmo assim a molecada corre pra lá e pra cá, gritando, fazendo arruaça.

A balconista da padaria é educada, mas não é uma educação normal. Na verdade Ditinho já percebera olhares maliciosos, outras vezes, que fora, até a padaria, mas nunca comentou nada com ninguém, uma coisa é certa, sempre que ele encosta no balcão, ela arruma o decote pra mostrar melhor os dotes. Os colegas de Ditinho dizem que ele nasceu com o cú virado pra lua, mas ele achava que era o charme dele, mas o que importava, a mulher de sua vida seria sua esposa em breve?

Se despede da balconista que o olha com um sorriso malicioso, e sai do recinto.
Chega em casa, coloca os pães em cima da mesa, e olha o relógio: sete e meia. As horas não passam, lá fora a molecada já grita celebrando o novo dia.

Renato Vital que trabalha na finalização de seu romance a Saga de Ditinho e também na demo disc do Grupo Fato Realista.