4.7.10

Ao se distanciar

Ao se distanciar, pensei que talvez fosse um sonho ruim, mas não, noite passada tivera um sonho bom, e já sabia que talvez fosse um pronuncio do pior. E quando se distanciou, caminhando a passos largos, de mãos dadas, eu sabia que não eram as minhas mãos. Eu estava cá, e você lá, cada vez mais longe de minha vista, e eu juro que não queria, não queria ter que comentar isso.
Meu peito nem sequer sentiu, estava dopado com a cena, e quem quer que tenha sentido isso, alguma vez, talvez entenda o que eu estou dizendo. Parecia tão surreal, que nem sequer deu tempo de sentir, a verdade que bateu na minha cara. E olha que eu já fui mais forte, mas não era de força que eu precisava, eu precisava de verdade, a verdade universal que veio de prontidão e tão rápido.
Não estou aqui pra fazer lamentos, se é que me entende, mas acho que não entende, nunca vai entender, você nunca entende.
Não queria ter visto aquela cena, é só isso, são quatro flash, você, você indo embora, e eu, ficando.
Você estava alegre, mas não fiquei feliz por você, é claro, não seria desses poetas, que ao invés de expor a verdade em seus poemas, se esquivam e enfeitam a verdade.
Mas também não quero te atacar, embora sei, que jamais teria peito pra escrever te atacando ou qualquer outra coisa do tipo.
Sabe o que eu queria, de verdade, era ter um daqueles sorrisos pra mim, sei lá, já era o bastante pra compensar.
Um sorriso, ao invéz disso uma cena, uma cena que eu não queria ver.
Não era filme nem sonho, era só uma cena.
Uma cena, eu queria um sorriso, mais do que um sonho, ao invés disso, uma verdade que parou, e causou estorvo.
Uma verdade, e eu queria um sorriso, momentos da vida, momentos sem razão.

Renato Vital é poeta e escritor.

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