7.5.08

Você pede

Você pede um beijo, ela não dá, passa a mão no rosto, e diz que você está machucando.
Você se aproxima mais, ela tira seu braço dela, limpa a roupa e se arruma.
Você tenta perguntar o que aconteceu, ela responde palavras, que te destroem o coração.
Você pede meia hora, ela não te da nem um minuto.
Você pede pra ela ficar, mas ela ameaça se extressar.
Você tenta impedi-lá de ir, mas sabe que ali é cheio de segurança, e que você poderia acabar apanhando de graça, por querer ficar um minuto mais, com quem ama.
Você pensa no dia a dia, de acordar e ver que chegou uma mensagem dela, enquanto ela anda apressada, com medo que você tente algo novamente.
Você para na frente dela, ela já sem paciência pede pra passar, você forçadamente obedece.
Você ve que o parque que era o céu, virou o inferno, e que você está prestes a sair dali sem um único beijo dela.
Você para no ponto, e tenta conversar com ela, que no momento se preocupa mais com o ônibus.
Você faz ela perder um ônibus, ela te chinga, e sai de perto de você.
Você percebe que ela apaga seu telefone da lista de chamadas, com medo que aquele alguém visse, e isso acabasse complicando ela.
Você vê que o ônibus dela chega, e diferentemente da outra vez, ela não te dá oportunidade de fingir que ele não está ali.
Você tenta ir atrás dela, mas ela responde com ferozes " não vem atrás", você para e se lembra da mesma frase, direcionada a um cachorro sarnento da sua rua, por seu vizinho, " não vem atrás".
Você sente na sua blusa, que o perfume dela ficou ali, por um momento pensa em queimar a blusa, por um momento pensa em nunca mais lava-lá.
Você vê o ônibus dela partindo, poe a mão no rosto, e no fundo se alegra , " um beijo no rosto, consegui ganhar um beijo no rosto, EBA".
Você pôe a mão no rosto mais uma vez, e lembra que outra pessoa vai ter mais do que um simples beijo no rosto dela.
Você sente ódio.
Você sente medo.
Você sente pavor.
Você sente vontade de não existir.
Você soa frio, não acredita, e não deixa que ninguém o faça acreditar.
Você lembra dos momentos bons.
Você lembra dos momentos bons, e da viradas de rosto, enquanto ela pensava em alguém.
Você se lembra das promessas, dos planos, e das viagens que só aconteceram na sua imaginação.
Você sente vontade de voltar até o ponto, correr atrás daquele ônibus, e faze-lô parar, se jogando na frente dele.
Você passa as catracas, mas quem paga o preço é o seu coração.
Você senta no banco especial pra senhoras de idade, deficientes físicos etc, e se lembra que alguam deficiência o aflige naquele momento, as duas pernas quebradas talvez, ou então seu amor que foi embora, que nem pedra de gelo fria sem sentimento.
Você se lembra dos planos, olha uma mulher que passa do seu lado com raiva, apesar de ela não ter nada haver com isso.
Você se lembra dela, não somente dela, mas também de outra pessoa ao lado dela.
Você fica pasmo em não acreditar.
Você vê conhecidos, e com um máscara mais idiota possível, os comprimenta, e continua caminhando, pra onde, nem você mesmo sabe.
Você chega em casa, mas não consegue almoçar, alias à dois dias que não come nada.
Você passa uma noite nada boa, ouvindo músicas que não te confortam.
Você acorda e vai até o pronto socorro, graças a Deus que voce tem convênio heim, já pensou a fila do SUS até nessas horas.
Você enquanto toma soro, pensa mil coisas, fixa seus olhos num canto da parede, e pensa em voltar ali amanhã, pra tomar mais uma dose de soro.
Você chega em casa e ouve tupac, uma música lhe chama a atenção.
Você queria ter nascido com o coração frio que nem pedra, mas nasceu com ele mole e caloroso demais, pra aguentar tudo isso.
Você recebe seu pagamento, das mãos da mulher que faz o pagamento, e sai fora contando seu dinheiro, e dando qualquer dinheiro do mundo pra ter ela.
Você se senta no computador, vê que ela está on line, e tenta não falar com ela, com medo qu ela pense que você vai insistir de novo.
Você conversa com ela.
Renato Vital Poeta, escritor, não tem se alimentado direito, é colunista num site www.rapnacional.com.br, e usa máscaras de felicidade.

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